Grão a grão...

Continuo a depender de caridade alheia para usar a net. Ainda não decidi o melhor contrato a fazer - são todos um balúrdio mas lá terá de ser, caso contrário não posso encontrar-me aqui contigo quando me apetece, nem ver a malta pelo skype...

Mas devagarinho lá me fui instalando e hoje festejo o 15º dia na minha casa nova... sem água! O que vale é que é feriado e a pilha pratos acumulados no lava-louça não me "stressa" tanto. Pelos vistos é "normal" ao fim de semana apesar de eu achar que se esta gente pagasse a água que consome pensava melhor antes de rodar a torneira e assim chegava para todos!...

Também já trabalho noutro atelier e ainda recebi um bónus no ordenado em relação ao que estava a ganhar no outro por isso "nada se perde, tudo se transforma" e essa é a filosofia. O ambiente é muito descontraído, nunca vejo o meu chefe apesar de ser muito simpático, pagam as horas extra e assim vou mais contente para o trabalho: grãozinho!

O melhor desta semana foi a chegada da Lobita que decidiu tentar a sua sorte por aqui, e tornou-se na nossa primeira visita, quando só esperávamos receber alguém a partir de dia9: o irmão do J. e a Fi.

Assim a chuva foi-se embora, o sol tem brilhado e mais ainda com a companhia dos amigos que animam este princípio de vida nova que parecia traiçoeiro. No fim do meu segundo primeiro dia de trabalho aqui em Dublin lá a encontrei com as sua bagagem à minha espera no cimo da O´Connel, cheia de frio, e ainda aqui está, a lutar com o J. num jogo de PlayStation.

Por falar em jogo hoje de manhã fomos dar uma força - às sérias com "Yuhuuu", "Go-go-go!"e tudo - aos participantes da maratona e fartámo-nos de rir... o J. acaba de perder he-he!... Estávamos na esperança de encontrar um português com uma bandeira ao vento e uma camisola do benfica, mas não apareceu nenhum. Torcemos então pelas figuras mais caricatas - desde um rasta da jamaica à "team diabetes" do canadá- e valeu a pena ficar por ali e esquecermo-nos do que íamos fazer quando fomos surpreendidos pelos gritos que ouvíamos do fundo da rua. Portugueses que somos, fomos investigar!

E pensar que aquelas pessoas correm 42km cheias de vontade de participar ou vestir a camisola de uma instiuição de caridade fez-me ficar mais motivada, porque quando lhes apetecia abrandar ou rastejar até à meta ninguém deixava, e ao som dos incentivos lá se endireitavam ou tentavam dar um ar de menos sofrimento para nos "fazer a vontade" de os ver cruzar a meta com os braços no ar. Foi giro e de certa maneira importante para mim...

E ao fim do dia no Mc conhecemos uns miúdos portugueses que vivem cá com os pais. No meio de uma conversa animada contaram que foram uma das únicas discotecas em que não é preciso ter 23 anos para entrar e quando viram a figura mais caricata - patilhas, dança com os polegares espetatos, etc- não resistiram e perguntaram Where are you from? ao que lhes respondeu "Beija"... grão a grão enche a galinha o seu papinho e o meu não está cheio, mas tenho cada vez mais apetite!

posted by darjeling