domingo, outubro 16, 2005

todos os dias são dias de descoberta

Descobrimos sempre qualquer coisa, mesmo quase sem dar por isso, ou, de vez em quando, com muita intensidade. Eu sei que parece cliché, mas acredito verdadeiramente que é assim que as coisas se passam. Por vezes são surpresas desagradáveis que demoram séculos a interiorizar - mas que vão inevitávelmente fazer parte de nós - mas noutras são situações surprerendentes e tõ bosas que gostavamos que acontecessem a toda a hora. Sem cair em tentação de me tornar lamechas, ou exageradamente agradecida, tenho de contar-te o que me aconteceu.
Sabes que adoro a minha olívia, mas há dias em que tenho vontade de a matar - força de expressão, claro. Não é que, de vez em quando me coloca em situações completamente constrangedoras? E como é que um animal pode ter tanta influência na minha vida, muito mais do que aquela que se possa supor dada a sua natural condição? Destruindo bens de outras pessoas que estavam na minha posse...
Foi o que aconteceu com uns sapatos que a raquel do Pimentel deixou em minha casa no verão, por alturas do sudoeste. Lá estiveram até que alguém os resgatasse lá de casa, já que nunca ninguém lá vai - excepto o meu pai que parece ser o único que suporta e até aprecia tamanha solidão. Acontece que, quando os puz no hall de entrada para não me esquecer deles, a olívia - que se apanhou sozinha em casa - vai de abocanhar o apetitoso e barulhento saco de plástico vermelho que os envolvia. Não os destruiu por completo, de facto até foi só um golpe certeiro na biqueira, tornando o problema irremediável, pelo menos com alguma dignidade.
Depois de chorar de raiva e de medo de enfrentar a situação - "mas que injustiça esta de ter de dar uma notícia destas!" pensei eu durante dia e meio - decidi telefonar-lhe com alguma timidez. Devia-lhe um pedido de desculpas, principalmente porque vai ser muito difícil recompensá-la já que trouxe os sapatos de Londres. Sim, estás a ver a situação! Mas, teve a melhor das reacções, foi amorosa e acabou por dizer que "claro que continuamos amigas", e que a história até tinha piada pela ironia - lá isso é - e que temos mais uma história para contar. E eu que tinha andado a ser egoísta a vitimizar-me como se a culpa fosse do cão, e não um descuido meu... Acho que nunca vou esquecer, e apesar de gostar imenso dela fiquei a admirá-la mais ainda . Eu sei que o que motivou toda esta situação foram uns "insignificantes sapatos", mas a recompensa foi enorme. É tão bom qando alguém nos surprerende quando pensamos que isso já não pode acontecer. É o nosso mal de achar que tudo é garantido e que as pessoas quando nos surpreendem é pela negativa - o que infelizmente acontece muitas vezes-, mas graças a Deus, ou naquilo em que se acredita, quando acontece o que me aconteceu vale pelas 10 que tive de esquecer.
posted by DARJELING
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