sábado, março 11, 2006

Espelho meu...


Vi ontem com o meu J. o "Espelho Mágico" do Manoel De Oliveira com textos adaptados da "Alma dos Ricos" - da triologia do Princípio da Incerteza da Agostina. Daqui saem as palavras que servem de pretexto para o filme. A tal história da menina que cresce e se torna mulher na esperança de receber, só para ela, uma aparição da nossa senhora... que terá sido rica como ela, motivo suficiente para a receber. Sempre roadeadas e projectadas em inúmeros espelhos e nunca nos olhos uns dos outros - aqueles que costumamos chamar os espelhos da alma -, as personagens de palavras pesadas, não difíceis, só palavras, sustentam-se em imagens tranquilas que raramente servem de recurso para completar ou esclarecer as palavras que ouvimos - um caminho difícil esse de escutar palavras que foram escritas para se ler e não para se ouvir.
Sem criticar ou dar as "habituais 5 estrelas a qualquer trabalho do meste", porque o que procuro sempre no cinema é a experiência das imagens, das palavras, dos gestos, das insinuações feitas de luz, dos conceitos... especialmente dos meios para atingir os fins. É a esses recursos que presto atenção por inteiro ou num determinado momento, que às vezes pode ser uma palavra. E a palavra "vento", que eu e tu gostamos tanto, apareceu de surpresa e para explicar o que é uma verdadeira aparição. Ela é mais real que uma imagem, porque se sente. É como o amor, que não se vê.
Ainda citando o realizador em estrevista no outro dia ao magazine da 2 a propósito não do filme mas do estado das coisas em geral, disse - desta vez por palavras e não por imagens, mas com a mesma lucidez - que todos "somos tristes criaturas, não somos criadores". Não creio tratar-se de uma fatalidade. Não quer isto dizer que nos deixemos de ambições - como de tentar ter uma aparição só para nós, um milagre que nos torne especiais sem termos feito nada para isso; ou de criar coisas grandiosas, como desejamos com o nosso trabalho, como ele hoje ainda faz, ou nas nossas "arquitecturas" -, mas que somos todos iguais porque temos limites. E o limite é o impossível... depois disso, só um milagre!
posted by DARJELING

4 Comments:

Blogger Nekynho said...

Já vi o filme. Mas a mim não me inspiraria um post tão grande. Adormeci a meio lol
Baci e boa semana :o)

21:01  
Anonymous Anónimo said...

é a questão das palavras...tem que se estar no espírito. Mas como tinha muita vontade de o ver por causa do livro, lá fui. e usei-o como pretexto para falar de outras coisas, como faço sempre.
Para equilibrar vou sair agora para ver o Underground, aquele dos vampiros e lobisomens... no coments, mas supostamente tenta recuperar esse tipo de filmes de culto para a nossa época. A ver vamos! boa semana para ti também e bons filmes... que ao menos sirvam para por o sono em dia, e para sonhar muito!

21:21  
Anonymous Anónimo said...

meu deus! precisava mesmo de vir falar mal antes de me deitar... só mesmo para atenuar esta tensão! Não dá para confiar mesmo nos rapazes: acho que a sua ideia de filme de culto envolve prestar adoração a uma jeitosa com um fatinho de latex - neste caso uma lara croft versão gótica!
Que confusão de filme, com tanto sangue e explosões à mistura numa história rebuscada que começa há 8 séculos... blá-blá-blá: péssimo. Eu sei que por eu não ter gostado, não quer dizer que seja mau, dentro do seu género, até porque a sala estava cheia (por oposição ao de sexta em que apenas tínhamos por companhia mais dois gatos pingados). Estive muito tentada a sair da sala ao fim de 3 minutos, mas aguentei até ao fim a pedido do J. "para não ferir a susceptibilidade da rapaziada". Que grande prova de amor, ãhm? Depois disto venham de lá os pesadelos... é que fiquei mesmo perturbada!
ah! já agora o nome do filme é afinal Underworld, para que ninguém se engane e caia na mesma asneira... nunca mais me apanham! Não vou nas "Escolhas do Marcelo", nem das de ninguém... nunca, nunca, nunca, mais!
Pronto, acho que já consigo ir para a cama...

00:12  
Anonymous Anónimo said...

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19:36  

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