(som de sininhos) Feliz Nataaaaal!
É sempre com música da época vinda do escritório do meu pai com um volume de decibéis considerável que começa a nossa véspera de natal. Nem o Elvis falta! Somos todos obrigados a levantar da cama e começar os preparativos - os mais longos do ano - para este jantar especial, se bem que, em tempos idos, quando tínhamos os avós todos, tios avós, primos afastados - tudo acima dos 60 para os lados da minha mãe - o auje do natal seria o almoço de amanhã porque " no tempo deles era assim". Enfim, somos muitos menos, mas continuamos empenhados em manter a tradição. De tal maneira que este ano, porque a prima Lili - minha prima em 2º grau mas quase com 80- já não tem força para bater a massa das broas de abrantes, a minha mãe insistiu em fazê-las pela primeira vez porque acha que é a guardiã desta receita de família. E talvêz porque a minha irmã não está cá e precisa de ânimo extra, tem-se agarrado às panelas com tal empenho que ao fim de meia hora comigo a agarrar nas asas do tacho enquanto ela batia a massa agarrando a colher de pau com as duas mãos com um jogo de ancas impressionante, lá concluiu que "tudo isto é muito violento!". Por isso, amanhã quando as provares no chá de natal - tens de vir que já avisei a família - tens que dizer que estão muito boas.
É sem dúvida um dos meus dias favoritos porque toda a gente tem mais paciência para tudo e passamos o dia inteiro juntos, sem correrias. Claro que antes, a excitação total eram os presentes, mas, não ignorando a generosidade "do menino jesus", hoje o que eu gosto mesmo é de ter uma família assim e de poder passar estes momentos com uma banda sonora duvidosa mas suportável - afinal são só 48 horas - escolhida a dedo pelo meu pai que não se descuida nesta sua tarefa de garantir a maratona natalícia sem repetir um tema, tendo o cuidado de aumentar a sua colecção de ano para ano.
Ao meio dia a minha irmã telefonou do Paquistão a dizer que iam jantar daí a pouco e que tinham enfeitado o acampamento, tinham comprado presentes para a troca, e iriam dançar depois do jantar. Estava feliz, mas eu quase chorei porque estou cheia de saudades, mas cheia de orgulho. Claro que ainda nos rimos quando lhe contei da determinação da minha mãe em fazer a broas - o que para alguém com o talento culinário da minha mãe é como ir até ao paquistão -, não esquecendo que lá para o meio confundiu os papés das receitas com a letra desenhada da Lili e já estava a misturar a receita do pudim, mas fomos a tempo e acho que os saímos muito bem.
I´m dreaming of a white christmas... Feliz natal para ti, e para toda a gente!
posted by DARJELING
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