diário do paquistão 003: até houve bailarico...

Asalamum-alaikum!
Não tenho escrito muito porque tenho andado muito atarefada e envolvida, fisica-emocional-mentalmente, no meu trabalho, o que é bom, mas às vezes ando muito cansada e sem paciência para computadores...
Os 3 dias de folga que tive em Janeiro passei-os em Islamabad, a capital deste Paquistão. É uma metrópole gigante e moderna (a cidade tem apenas 60 anos e foi construída para ser a capital do Paquistão, quando este ganhou a independência da Índia), feia como tudo e suja como vocês não imaginam. Mas mesmo assim deu para descansar, relaxar e divertir.
Durante o dia andávamos perdidos pelos mercados e bazares a tentar negociar mercadorias como sedas, pratas e tapetes, tal como faziam as expedicões portuguesas por esse mundo fora uns séculos atrás...
À noite íamos sempre jantar fora a restaurantes luxuosos onde pagávamos uma quantia considerável por uma refeicão ocidental, cerca de 20 euros por pessoa, o que é um balúrdio neste país, principalmente se compararmos com as ninharias que pagávamos ao almoco nos restaurante locais paquistaneses (cerca de 1 euro por pessoa), onde a comida era sem dúvida melhor... mas era o preco a pagar para quem queria acompanhar a refeicão com vinho tinto, já que neste país mulcumano de tradicões e costumes rígidos não se pode consumir este produto dos deuses, a não ser nos benditos restaurantes para ocidentais...
Passados 3 dias estava de regresso a casa (é incrível como já chamo casa à minha acolhedora tenda!) e de volta ao trabalho nas desarrumadas e confusas enfermarias!A meio de Janeiro os Paquistaneses celebraram o Ead (o fim do ramadão), que é uma espécie de natal muculmano, sem querer fazer comparacões religiosas é claro...
Aqui no hospital fez-se uma festa para os nossos trabalhadores locais, e o resultado foi bastante engracado e curioso...
Enfeitou-se uma tenda gigante (normalmente utilizada como armazém) com decoracões paquistanesas para casamentos, as mesmas utilizadas para enfeitar a nossa cantina no natal...
O festejo comecou com um grande almoco e até aqui tudo bem; todos estavam presentes, até as enfermeiras que estavam de atestado médico há mais de uma semana se aperaltaram e vieram encher o pandulho! Depois do almoco houve bailarico, mas só para os homens, já que as mulheres não estão autorizadas a dancar. Para a música contratou-se uma banda aqui em Muzaffarabad, cujo cantor emitia uns sons ralás bastante tradicionais, acompanhados com um órgão electrónico com batidas de carrinhos de choque... estão a ver o resultado?
Mas foi interessante observar esta vertente internacional do pimba...
Para além disso, é sempre bom recordar as festinhas da Delgada com os concertos inéditos de "Joel e o Seu Órgão" e afins, ou mesmo os "Pão com Manteiga" que actuaram na Bica no Santo António!

1000 beijocas de uma alfacinha com saudades crónicas...
Até breve, in-shala...

posted by THE NURSE