quando mais melhor...
Mas a culpa é só nossa, dos portugueses! Nós é que temos o culto do caro, resquicio de um velho complexo de inferioridade e sintoma de povo novo-rico (sim, apesar de tudo, apesar de sermos os mais pobres da UE, (pelo menos antes do último alargamento), o que é certo é que grande parte - a maioria? -da nossa classe média tem descendência campesina e há quarenta anos andava de pé descalço). Nós é que achamos que se não for caro não tem qualidade, envergonhamo-nos de achar caro ou de pedir mais barato, que nos tomem por pelintras... Nós é que temos o culto das marcas, tanto melhor quanto mais caras surjam no mercado, culto esse que no estrangeiro está circunscrito aos suburbanos e aos grupos étnicos deixados á margem, como forma de afirmação social. Nós é que criamos a aura dos produtos caros como sinónimo de alto standing, como sinal de pertença a uma elite, como prestigio. E qualquer aprendiz de marketing percebe imediatamente isso, percebe que no mercado português uma marca ou um produto impõe-se pelo preço excessivo, ganha renome não pela qualidade mas pelo preço, com a vantagem dessa estratégia ainda aumentar a margem de mais-valia para o fabricante ou vendedor. A FNAC é um exemplo, com os discos à venda em Portugal bem mais caros que os mesmos discos à venda em França, na mesma FNAC (e com o mesmo IVA!). Mas o exemplo mais chocante é o da IKEA: para se implantar em Portugal aumentou os preços em relação aos praticados noutros paises onde a sua estratégia de implantação é exactamente a de preços muito baratos para um design moderno) e, ainda tendo a concorrência da Habitat (que em Portugal já praticava preços mais altos do que em França, p.ex.), comprou a Habitat Portugal e baixou-lhe drasticamente s preços, questão de ficar com o prestigio de marca cara, logo apetecivel, e mandar a Habitat para o desprestigio de marca popularucha, ao alcance de qualquer bolsa!... Mas já a Zara não teve que aumentar os preços, pouco depois de abrir as primeiras lojas em Portugal, para se manter concorrencial e apetecível ao público? As máquinas fotográficas não são bem mais baratas nos Office Centers do que nas FNACs e as pessoas não preferem comprar na FNAC, que são mais prestigiantes? Em tempos, numa Francesice para a Antena 3, contei a história da turista portuguesa que entrou numa loja parisiense a perguntar o preço de uma camisola que estava na montra. A empregada disse-lhe o preço e acrescentou, numa honestidade a que não estamos habituados, que era cara, que tinha mais barato (pressupondo que para a mesma qualidade ou superior); não é que a portuguesa levou aquilo como um insulto pessoal, como uma insinuação de que não teria posses para comprar a camisola, e desatou aos berros, dizendo que tinha dinheiro para comprar a camisola, as camisolas todas da loja, a própria loja!... É esta a nossa mentalidade, e enquanto continuar a ser continuaremos a levar com os preços mais caros da Europa (para salários três e quatro vezes mais baixos)!" Comentário pessoal: Acresce a justificação da descendência campesina como explicação do fenomeno referir que esta apetência do português para ser imbecil remonta aos Descobrimentos. Pegue-se nos cronistas quinhentistas e facilmente se verifica a importância dada à apresentação pública de um cavalo bem arreado, (o Porsche de então), em detrimento do acesso regular a bens alimentares! Exactamente: Fome em troca de um cavalo bem aparelhado na via pública!!!!
obrigada mãe pelo mail que mandaste... assim começo logo com uma critica..
a.k.a.bicuka
obrigada mãe pelo mail que mandaste... assim começo logo com uma critica..
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